segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Natal....

Todas as vezes que nos reunimos, tu eras a festa e a alegria. As gargalhadas, a conversa, as discussões... Um dia alguma coisa mudou e nessas reuniões já não havia alegria. Não te culpo meu Pai. Neste Natal estivemos todos juntos. Houve os exageros de sempre. Houve os teus netos e a família e o quentinho que tu tão bem conheces. A Sandra não esteve aqui, tu não estiveste aqui, estiveste sim em cada canto da minha casa, estiveste sentado na minha mesa, estiveste na minha alma. Foi muito duro, fizeste-me tanta falta! Não tenho vindo aqui por falta de coragem, faltam-me as forças Pai, estou cansada que tudo corra mal, maldito ano este. Deixaste-me Pai há um ano, não estou a conseguir seguir no caminho que imaginaste, tudo mudou muito. Este Natal foi cheio de dor. Dor profunda porque não estiveste aqui. Zanguei-me com memórias de cenas pequenas, tão pequenas perto da tua imensa presença ou ausência, cenas pequeninas que afastam o que e tão maior deveria prevalecer. Faltam dias para o fim deste ano. Será que vou ter paz?

Tenho tantas saudades tuas papá, preciso tanto de ti!

Não sei onde estás, quero-te tão bem!
Amo-te!
Nês

sexta-feira, 4 de novembro de 2016





Quando me sento, tento parar... pensar... não consigo! Acho que é a exaustão, aquela que não aceitavas, aquela que nos torna mortais e nos empurra para a paz que nos faz renascer....
Já não te sinto!
Penso nos teus guias mas não os conheço.
Ainda te sinto por toda a parte, tão grande era a tua presença, mas não te sinto em mim. Nem lua, nem arco iris, nem sopro de vento. Não estas aqui em mim... Que interessa? Agora queria apenas o abraço que nunca demos.

Queria que aqui estivesses...


So, so you think you can tell Heaven from Hell
Blue skies from pain
Can you tell a green field from a cold steel rail?
A smile from a veil?
Do you think you can tell?
And did they get you trade your heroes for ghosts?
Hot ashes for trees? Hot air for a cool breeze?
Cold comfort for change? And did you exchange
A walk on part in the war for a lead role in a cage?
How I wish, how I wish you were here
We're just two lost souls swimming in a fish bowl
Year after year
Running over the same old ground. What have we found?
The same old fears
Wish you were here

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Havia o céu.
Havia o mar.
Havia o sol e o amanhecer.
Havia o dom da palavra.
Havia o dom da imagem.
Havia o arrepio da musica.
Havia o desassossego e o medo e a alegria e a paixão e o ciume e a inveja e a paixão e a raiva e a dor...
Havia a dor.
Havia a cor... e o sonho... havia a luz de cada manhã, havia o sonho, o Sonho. Estou aqui no meio dele, desse sonho.

Agora há um frio, Sou um frio. Tenho apenas medo de não o ser. tenho medo de sentir e de me deixar devorar por esse sentir e assim morrer de tanto sentir, esta dor. Antes havia tanto...
Havia o céu.
Havia o mar.
Havia o sol e o amanhecer.
Havia o dom da palavra.
Havia o dom da imagem.
Havia o arrepio da musica.
Havia o desassossego e o medo e a alegria e a paixão e o ciume e a inveja e a paixão e a raiva e a dor...
Havia a dor.
Havia a cor... e o sonho... havia a luz de cada manhã, havia o sonho, o Sonho. O sonho Pai! estou aqui no meio dele, desse sonho.

Agora há um frio, Sou um frio. Tenho apenas medo de não o ser. tenho medo de sentir e de me deixar devorar por esse sentir e assim morrer de tanto sentir, esta dor. Antes havia tanto... Onde andas tu?

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Afinal...

Sabes Pai...

Afinal os nossos sonhos ...

Que dizer de um mundo que tão bem conhecias...

Afinal Pai, a tua memória é tão só minha, tão só nossa, tão só de quem verdadeiramente te sabia e ouvia e sentia...

Não a vou dignificar Pai, não como sonhava, não como esperavas, não como merecias, mas, que interessa? Não me vão deixar.

Prevalece a imagem, prevalece o poder, prevalece o medo...
De mim nem sei que espere, não sei que serei no dia que o teu nome surgir. Jurar vingança não existe meu Pai, nada vingará a tua enorme presença, apenas nós... poucos ou muitos que interessa, eras um e mil, eras o meu Pai e tudo o resto.

Seja como for... a  tua memoria, para mim, sempre, um herói!

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

A verdade de tudo!


Chegou Pai!
O quanto ansiavas por isto, talvez também eu, lá no fundo, secretamente. Ansiava pela derradeira verdade! Aquela que nós, utópicos sonhadores, sim Pai, também tu eras um sonhador, achámos que iria desvendar toda a verdade... A verdade pinta-se, de rosa e de negro. A verdade mostra-se e é lida como se quer, de tras para a frente, de cima para baixo, há quem veja além dela, há quem não a veja, a verdade não é soberana, a verdade não prevalece, a verdade é aquela ilusão por que lutamos... em vão!

E agora Pai, fica nas minhas mãos o teu desejo  de desmascarar tudo? Esta palhaçada? Como Pai? Se eu nunca concordei.... se sempre achei que as tuas certezas seriam sempre mascaradas.... Ai Pai! Chegou a acusação! O amigo Dr. Fernando referiu que colaram as acusações, antes em teu nome, a mim... a mim Pai! Lembras-te o quanto discutimos?

Tenho sobre mim uma acusação séria, de crimes sérios... não estás aqui, não está ninguém... Terça feira vou estar em Braga às 9 da manhã, vamos ver... No entanto, os meus meninos sentem a minha falta, no entanto a mamã pede-me que acompanhe a Sandra a uma consulta, no entanto eu tenho pânico de não aguentar tudo isto.

O que tanto ansiavas, a acusação, é o pior que poderíamos imaginar.. e caiu tudo em cima de mim, assim, como se não houvesse vida, apenas sucessão.

Se me puderes ajudar, ajuda-me!

Lutei pelas tuas dividas, por este processo e pela mana, as forças esgotam-se, mas ainda vou continuar, estou zangada Pai. Contigo! Estou a sofrer o que não mereço. Estou a sofrer!

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Soubesse eu onde estavas,

Este mundo não teria estradas ou caminhos, nem pontes nem atalhos, eu iria encontrar-te. Só para te ver!

Soubesse eu porque sofrias,

Este mundo não teria regras ou confissões, nem certezas nem dúvidas, eu iria acompanhar-te. Só para que me sentisses ao teu lado.

Soubesse eu os teus delírios,

Arrasaria esta falsa paz e deixava que esta lua, nesta noite, me ditasse uma imagem do teu mundo, tão secreto. Soubesse eu desvendá-lo!

Soubesse eu que me deixavas,

Assim, sem um beijo ou um abraço, eu recuaria anos e anos e pedia uma traquinice, uma viagem daquelas sem rumo sem tino.

Soubesse eu que estaria aqui sozinha,

Teria implorado pela tua presença, sim, enquanto tal me fora permitido. Estarias ali, para mim!

Dizem que amanhã chove, olhei o céu e não te vi, ouvi o vento e nada dizias,

Isto que faço, quando nem sei onde encontro forças, não o faço por mim, acho,

Soubesse eu que me ouvias,

Quereria saber porque me deixaste, porque partiste sozinho, que farias agora, que me dirias.

Soubesse eu o quanto viveste,

Pediria um segundo teu, a tua presença, a tua vida, a tua alegria!
Amo-te !

Soubesse eu onde estavas,

Este mundo não teria estradas ou caminhos, nem pontes nem atalhos, eu iria encontrar-te. Só para te ver!

Soubesse eu porque sofrias,

Este mundo não teria regras ou confissões, nem certezas nem dúvidas, eu iria acompanhar-te. Só para que me sentisses ao teu lado.

Soubesse eu os teus delírios,

Arrasaria esta falsa paz e deixava que esta lua, nesta noite, me ditasse uma imagem do teu mundo, tão secreto. Soubesse eu desvendá-lo!

Soubesse eu que me deixavas,

Assim, sem um beijo ou um abraço, eu recuaria anos e anos e pedia uma traquinice, uma viagem daquelas sem rumo sem tino.

Soubesse eu que estaria aqui sozinha,

Teria implorado pela tua presença, sim, enquanto tal me fora permitido. Estarias ali, para mim!

Dizem que amanhã chove, olhei o céu e não te vi, ouvi o vento e nada dizias,

Isto que faço, quando nem sei onde encontro forças, não o faço por mim, acho,

Soubesse eu que me ouvias,

Quereria saber porque me deixaste, porque partiste sozinho, que farias agora, que me dirias.

Soubesse eu o quanto viveste,

Pediria um segundo teu, a tua presença, a tua vida, a tua alegria!
Amo-te Pai!

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Meu aniversário

Só agora, no final dia eu me apercebi, somos seres brilhantes, há algo em nós que nos quer ajudar, bastava entender...

Passei este meu dia, diferente dos outros meus dias, achei que este ano eu não me sentia aniversariante, disse-o várias vezes... - Não, hoje não faço anos!

Hoje fiz mais uma viagem, desta vez com a maravilhosa companhia da minha mais que tudo, a tua Marianinha. Foi bom, a companhia faz falta... O Alentejo está dourado, quente, abafado. Está lindo!

O dia está a terminar e eu percebi.... Percebi que a cada hora deste dia eu pensei que ainda não me tinhas ligado. Percebi que sempre fizeste uma festa no meu aniversário, mesmo quando eu não queria, percebi que hoje não tive a tua festa! Percebi que devia ter-te perguntado o porquê desta necessidade de festa, nunca o fiz e agora queria tanto as tuas festas!
Meu Pai... meu amigo, meu heroi, um brinde a ti e ao meu aniversário!

Tenho tantas saudades!

segunda-feira, 25 de julho de 2016

A nossa vida

A tua Mariana...

Olha ela Pai, está linda e crescida e responsável... Errei tanto com ela, e tu comigo e vai ser sempre assim, não nascemos ensinados... acho que acordei a tempo e ali está ela tão linda!

Soubesse eu a falta que me farias e teria sido tão bom os imensos serões aqui, teriamos tantos assuntos, terias sido honesto comigo. Sobre filhos e casamentos e traições e amizades e tudo, tudo o que não falamos, sem interrupções, sem ninguém a teu lado que condicionasse o teu honesto pensamento. Tu meu Pai. Sabes que li aqueles imensos envelopes selados, a historia da tua vida. Sorri e chorei.

Olha o teu pirata... está crescido e com voz grossa. É um menino cheio de valores, tal como a mana, são um orgulho para mim. Queria tanto que estivesses aqui comigo, para podermos partilhar estes momentos tão simples, tão cheios.

Onde raio me perdi Pai, na correria do tempo, sem tempo para nós, achar que tudo tem um tempo quando afinal, nada tem tempo nenhum...

E os dias passam, e eu aqui estou de pé, cheia de dúvidas, cheia de dramas, a mana é um drama, a Mili é um drama, quando afinal tudo poderia ser crescer, afinal não, a cabeça da mana é um drama, e esse drama, como sempre, absorve tudo o que a rodeia. Tudo se transforma em drama.

Pai, amo.te! Pai...

segunda-feira, 4 de julho de 2016

6 meses, 6 dias, 6 horas, uma vida, um instante

Dizem que faz hoje 6 meses,

Nós sabemos que não, bem... que interessa isso, não é uma data que queira recordar, queria antes esquecer todos os dias 4 de janeiro, podia ser da minha vida inteira, não acredito que nenhum seja memorável. Tu não partiste meu Pai, não partiste assim, para mim, por enquanto não partiste, mas não estás aqui comigo e fazes-me falta. Olha tu ali, na minha sala, a encher a minha sala e a minha vida com a tua enorme presença, às vezes impunhas e gostavas disso. Não ias gostar deste 4 de Julho de 2016, ias estar triste pela mana, talvez em silêncio, talvez com alguma teoria que desencadeava uma atitude intempestiva e silenciosa e, sem que dissesses nada, mudavas o rumo, mudavas tudo. 6 meses meu Pai, meu herói. Ali sentado na minha sala, vias o canal que querias, jantavas à hora que querias, fazias o que querias mas... o teu amor por nós era e é incomensurável. Que saudades Pai! Triste quem nunca te entendeu, triste quem te conheceu e  não percebeu a tua partida, tão ridícula, tão desfasada do brilho que se te impunha. Alma indomada e inconformada, cheia de segredos, cheia de dons, cheia de amor. Pai, fazes-me tanta falta. Dizem que tudo terá um sentido, dizem... Eu sou a tua Nês e tu sabes e eu sei o que temos, o que somos, fico aqui, vejo e revejo e acordo amanhã, com a minha força e teimosia e determinação... As lágrimas já são só o descarregar ... anseio por elas... enquanto choro tenho o pleno privilegio do silêncio dos outros. Sem explicações. Tenho uma nova vida, sem ti, Pai... amo-te!

quinta-feira, 30 de junho de 2016

Sem dramas,
Sem culpas,
Sem lágrimas nem dor,
A cada passo um precipício,
para uma loucura sentida.
Loucura desejada,
pelo cansaço.
Viver um sorriso,
e afoga-lo num sono
desejado pelo cansaço.
Viver ao som do vento,
Acompanhado pelo bater
de um coração partido.
Sem, dramas.
Sem culpas,
Nem promessas,,,

Só o som do mar, só o som do vento, só ,,,
Viver...


sexta-feira, 24 de junho de 2016

Sem titulo

Não tenho fotos,
Não tenho luas nem arco iris,

Tenho medo.

Entendi a dimensão da vida, pequenina, anseio saber o que me ultrapassa.

Preciso tanto de ti, de ouvir.te... já não te sinto comigo. Porquê? Porque estas bem?

E eu Pai?

Apesar do cansaço, fiz o que a minha consciência ditou, estou de rastos, nada mais posso fazer!

Preciso de paz!

sexta-feira, 3 de junho de 2016

Pai,

Saí eram 5 e 30... cheguei aqui antes das 6. Era impossível não parar. Agora o sol nasce mais cedo, é mais bonito, é mais fácil. O rio é monumental, preciso tanto disto...
Pai,

Era só contigo que eu queria falar e tu não estás cá... não estás aqui...

Estou sentada na cozinha, na minha frente estão dezenas de fotografias rudemente coladas ao frigorifico, a nossa Camilinha está lá e eu olho para ela e sinto-me tão triste... era contigo que queria falar, contigo com quem sempre discordei de tudo e de nada...e agora sabemos nós, sentíamos o mesmo, tu com mais sabedoria, eu com mais imaginação ou teoria... A nossa benjamim... Sim Pai, é nela que penso, é por ela que sofro... ela é tão maravilhosa! Com ela vem a grande Maria Vitória, grande, grande... de imagem singela que esconde uma força que nem ela sabe que tem, talvez saiba agora...
A mana caiu, no seu inferno, minado e construído por ela, sem saídas, regado de mentira e ilusões e imagens e fachadas e falsos caminhos e falsas verdades e falso ser. O cenário caiu e caiu a actriz... com ela cai tudo! Tudo o que não deixarias nunca cair, a tua neta benjamim! E por ti e por mim e pela grande mãe que tenho, vou estar aqui de braços abertos só para ela...

A mana caiu... e não se quer levantar! Por isso está internada, porque sozinha não consegue, mas disse ao Paulo que ia ser operada ao fígado, até me assustei... que raio é verdade? Que raio se passa? Sei que em parte defendes o Paulo, a parte de macho eu sei, sei que conheces a tua filhota melhor que ninguém, chegam a ser parecidos, mas que raio é esta mentira que ela, no meio da loucura da realidade, inflama para alimentar mais uma imagem, mais uma falsidade... o que é que eu faço Pai, agora vem aquela questão, digo?? Oh meu Deus, ela está tão frágil, é melhor calar-me... É assim não é Pai? Sempre foi assim, sempre houve o medo de dizer e confrontar... porque coitadinha da Sandra! Desculpa mas agora há um grito maior, há a nossa Benjamim, há a minha grande mãe, e eu juro, que ponho os Açores em delirio e Almeirim aos gritos, mas a minha mãe merece o mundo que nunca teve e tem que o ter agora! Já chega de sofrer! Do inferno onde a mana caiu só ela sabe sair, e sozinha, já chega de penas e lamentos e o raio, se ela não quiser sair que se dane, mais sofrimento do que nos causou não conseguirá, odeio dizer mas precisamos todos de um rumo, se quer morrer morra.. as lagrimas são incontornáveis, mas a raiva começa a ser maior. Somos demais a sofrer! Faço o que faço, cada dia, cada semana por ela, porque o mais fácil era acabar com tudo, depois penso... e a mana? Mas estou cansada, muito cansada! E a Sandra anda com tangas de operações???? que raio quer isto dizer?

Peguei no telefone para falar com o Paulo, achei que que primeiro está a minha irmã. Amanhã falo com ela. Já chega de sofrimento, já chega. Pai.... tu estás comigo eu sei, sempre estivemos juntos, mesmo quando tudo divergia... E Pai... eu sei a dor que levaste contigo depois do Natal, devíamos ter falado, talvez nada ajudasse, mas teríamos falado. Que farias tu Pai? Afastavas-te?

Estou tão cansada... o Tio ligou com boas notícias... estou tão cansada!
Amo-te Pai!


quarta-feira, 1 de junho de 2016

Hoje

Pai,

Hoje parei,
Parei aqui onde todas as semana passo, onde todas as semanas passavas! Parei pela água e pelo cheiro e pelo silêncio e por mim...  Anseio o dia em que a minha alma sinta tudo isto que os olhos vêem.


Sonhei contigo, simplesmente vi-te no meu sonho, o meu coração saltou tanto que me levou do sonho e eu acordei e as saudades ficaram ainda mais insuportáveis.




quarta-feira, 25 de maio de 2016

Este olhar,
Este tu que ninguém entende,
Cheio de amor e de tanto, tanto daquilo que não sabemos o que é, és tu Pai, este Pai de olhar terno e amigo. O meu melhor amigo! Não sei bem o que se passa agora, os dias passam e eu preciso de paz, Não tenho parado Pai, acho que tenho feito tudo, vou fazer mais!

Já não te sinto, talvez porque estejas em pz, tanto que mereces, espero que a companhia seja boa, este sorriso na minha cara devo-o a ti... Fazes.me tanta falta! mas já sabes... é sempre com um sorriso!
Tenho tantas saudades!
Nês

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Promessa desejo ou insanidade

Mata-los com o sucesso, enterra-los com um sorriso...

Era hoje o dia... o do desejo! Desejo de desabafar esta luta que me oprime, que me entope a alma, que me tira a paz. Hoje queria tanto gritar a tua vida meu Pai.
A insanidade espera... enquanto a linha do desalento não a aniquilar.
A promessa tem demasiadas equações, a minha está feita, dependesse tudo de mim, mas não, há a justiça, a tal em que ninguém acredita, mas eu...  eu tenho esperança!

Ainda não acredito Pai... e agora que aguardo sozinha o desfecho deste monstro que te levou, pergunto-me porque não falamos honestamente sobre tudo isto, porque raio não quebravas aquela imagem de durão? Afinal Papá perdi-te por quê? Que raio de importância demos a esta instituição doente e corrupta e minada de frustrados e ignorantes?
Mata-los com o sucesso e enterra-los com um sorriso... e à beira do nosso rio ficar à espera de, na calma corrente, se denuncie a minha paz... Has-de estar lá, nesse dia, comigo!

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Acreditar...

Pai...

Tenho sentido uma saudade tão grande, acho que a culpa ainda não passou! Cá dentro da minha alma eu sei o que me dirias...

Tudo se vai resolver... Posso convidar a minha filha para comer umas sardinhas?

No meio desta amalgama de dor e angustia e cansaço e saudade, sinto em pequeninos relances, em imagens, em vozes, uma ligação que nunca antes tinha percebido.

Como neste mar... Vejo-o de outra perspectiva, tenho sentido constantemente em cada pormenor desta vida essa perspectiva tão certa, tão tua! Nunca falamos assim... queria tanto Pai! Já me assustei com pensamentos meus que vi em ti, já tive medo de ser tão tu.

Queria que me dissesses se valeu a pena, o que terias mudado, ligada assim fico bem Pai? Ou vou quebrar, no meio deste mundo tão absurdo onde este mar é apenas um mar e não a imensidão de dor que vejo porque quero, porque poderia ver paz, se o quisesse, tu querias e vias... mas então, o que raio te quebrou Pai? Não resulta esta perspectiva? Apenas enebria a alma? Ès imenso e eu estou cansada... estavas cansado Pai?

Amanhã a querida Marta faz anos... vou lá... combater o cansaço e a vida real, vou a sorrir... amo.te Pai, fica comigo por favor!

sábado, 30 de abril de 2016

Papá!

Quando torcias o nariz às encomendas de Serpa e Santa Eulália, eu ficava zangada, mais uma vez não entendia. Nesta ultima viagem percebi o que são 820 Km ... a paisagem abençoa o cansaço, os números fazem pensar. Não tive coragem de aumentar o preço do transporte para Serpa. O Costa é o amigo! O teu amigo e meu também. Essa ligação compensa o esforço. A viagem é linda! Sabes quando te pedia ajuda num caminho? Enchias-me de pormenores, a arvore, a seta, a casa, o que eu dava por tudo isso. Começo a ter medo... Segunda feira vou apresentar-me como arguida num qualquer processo crime. O Dr. Fernando não vai comigo, aconselhou-me a não dizer nada!, mais uma vez fico calada! E este grito que quase implode, que lhe faço eu?Eu imagino que se há algo que te tira a paz é não ficar para ver o desenrolar deste processo que te levou. Juro-te meu Pai, vou estar aqui para te homenagear e, se possível, para me sentar contigo, à beira do rio, a ver os corpos passarem... terei eu essa paz?
Preciso tanto de ti ao meu lado, a Sandra está a recuperar, tem-me surpreendido, com gestos e palavras, preciso tanto acreditar que ela me vai ajudar...

Vou dar-te um abraço apertado, como nem me lembro de alguma vez te dar, vou pedir ajuda ao meu espirito, como a Ana me aconselhou, vou esperar o quentinho da tua alma tão rebelde, a energia do teu ser, tão meu, tão nosso, tão teu...

Papá... lembras-te? És o meu herói!
Nês

sábado, 16 de abril de 2016

Mértola

Pai...

Cheguei agora de Mértola, sinto-me exausta. No caminho parei e apanhei rosmaninhos determinada a deixa-los no cemitério, onde ainda não tinha ido desde Janeiro.

Fui...

Fui pelos motivos errados, porque queria perceber o que se passa comigo, queria ver o que não quero, queria perceber o que sinto...
e, porque tão bem sabes, ainda não me libertei, como tu tão bem fazias, das regras daquelas gentes tão boas e tão crentes que já murmuravam a minha ausência e desligamento da obrigação de embelezar aquele sítio onde eu sei que tu não estás...
Lá estão muitas flores e uma vela acesa e eu separei o ramo de rosmaninhos em três...  Olhando para aquele monte de terra, só forçando-me a pensar que foi ali que te quiseram por é que por breves instantes o meu corpo foi assolado de uma dor insuportável, só forçando... Sem esforço, era apenas isso, um monte de terra. Aceitei que não estou a aceitar, percebi que não acredito, só se me esforçar e não o quero fazer. Muitas vezes durante estes meses, por acasos ou sons ou cheiros ou pela tua imagem que constantemente vejo de relance em todos os sítios que conhecíamos, em palavras soltas ou imagens, cai em mim a realidade e sinto a tal dor insuportável e logo a rejeito e o meu caminho continua. Sinto-me muito cansada Pai, mas tu bem sabes da minha força e persistência e não vou parar, sei que me iluminas, sei que me guias... Naquela terra já chorei as pessoas que mais amo. O meu avô, a minha avó, a avó Artemisia e talvez sejas tu quem impede que chore também por ti, porque não o irias querer, mas sabes Pai,lá no fundo eu sei que preciso fazê-lo, preciso chorar debruçada naquele monte de terra ou noutro qualquer lugar deste mundo, mas algo me bloqueia e eu tenho medo, medo do que oiço, medo que esta dor insuportável me destrua por a não a querer sentir. Não o faço em consciência, apenas me acomodo... Sabe bem não sofrer !

Por enquanto a minha guerra em iluminar a tua memória é o que me dá alento, sabendo-te comigo, e cada vez mais próxima de ti! Perdoa-me se isso interfere com a tua paz...

Há uns dias abri mais um segredo teu, foram horas de deleite a ler aqueles envelopes cheios de cartas e poesias e coisas tão tuas, li o que quis e o que não quis, li tudo! Jurei que nunca um filho meu teria de esperar pela minha morte para saber tudo o que soube de ti, porque foi arrebatador e encantaste-me como o deverias ter feito enquanto estavas ao meu lado, ou talvez tivesse que ter sido eu a senti-lo.

Ficamos ainda mais próximos, e eu fiquei ainda mais longe de te deixar ir!

Pai! Não aceito! Contigo falaria sobre isto e tu irias entender, só tu! Só tu!

Nês



sexta-feira, 8 de abril de 2016

Nós os dois...






Ao fim de algum tempo, já nem precisávamos dizer nada, bastava aquela troca de olhares. Muitas vezes condenatórios, quando a tua alma irrequieta falava mais alto, muitas vezes cúmplices, quando queríamos rir e gozar e o momento não se adequava. Quando nos encontrávamos e queríamos gozar e sabíamos que não devíamos, mas tu não aguentavas. Foi tão bom trabalhar contigo Pai, tivemos muitas zangas, muitas discussões feias, mas agora, este bocadinho de paz no meu peito, diz-me que o mau foi tão pequenino quando comparado com tudo o resto. As saudades ainda magoam muito, sei que um dia me vão fazer sorrir. Nesse dia vou brindar a ti e a mim e à nossa história de Pai e Filha e de amigos cúmplices. Foi tudo tão bom, foi e é, porque continuo a trabalhar contigo.
A mana... muitas vezes divergimos acerca dela, mas por fim já concordávamos, eu como irmã e tu como Pai, tu sabes a que me refiro. Somos bons, temos um fundo bom, acreditamos no que nos dizem, temos que ver para deixar de acreditar...
Posso desabafar? Mais uma vez a mana é o centro das atenções, não são atenções, é dor, uma dor imensa. Um dia de manhã, chegaste ao pé de mim e com as lágrimas nos olhos contaste-me à tua maneira a visita que fizeras à mana. Passaste por lá, como gostavas de fazer, sempre sem avisar, e discutiram e não entraste... e quando me contavas tudo isto, à tua maneira, a maneira que fez com que não aguentasses, acredito eu, a tua voz estremecia e quase choraste. A mana é o teu orgulho... sim eu sei o que é um primeiro filho e sei as diferenças para o segundo. Hoje queria-te aqui, só nos os dois, porque tenho ido buscar forças à tua memória e não sei mais aonde, mas hoje queria tanto ouvir a tua voz e aquela frase que tantas vezes me irritou: - "Vai correr tudo bem!"
Serei má, serei desumana, sou apenas ignorante mas receosa do que diz respeito à nossa mente.Ninguém diz nada à mana, como nunca ninguém o fez. todos sabem, todos vêem mas ninguém fala, como há anos atrás eu peguntava à avó, mas porque é que tenho que ser eu a limpar o pó sempre? e a mais honesta das respostas... porque a tua irmã se zanga! Terão sido vocês os culpados? Terão sido todos culpados por nunca terem confrontado a mana com NADA, porque se zanga ou porque coitadinha, ou porque a doença. E eu? Pai, só para ti, o que de mais fundo existe na minha alma, sabes o que tenho nas mãos, a empresa, as dividas, os clientes, as finanças, tudo. Não tenho tempo para os teus netos e sinto-me mal por isso, muito mal, sabes o que penso?Desde sempre... difícil, desde sempre ciumenta e invejosa, desde sempre complicada. A vida trouxe complicações, como sempre traz, obstáculos para que os ultrapassemos e fiquemos mais fortes, maiores na nossa alma e mais mágicos se quisermos. Com ela não, os obstáculos foram a base de dramas, para chamar a atenção para reivindicar apoio, e o apoio chegou sempre, pela comiseração e pela pena e pela ignorancia e pelo medo de perde-la. Uma gripe era uma pneumonia, uma tosse era tuberculose, uma tristeza era uma depressão, uma depressão era uma depressão profunda, e o drama maior, não posso ter filhos! Todos choramos, fiz o que pude, nenhum médico serve, nenhum médico é bom, nasceu a mais linda das tuas netas, a benjamim... e agora? Oh meu Deus está tudo bem e não sabemos lidar com isto, temos que arranjar um drama... e deixamos de tomar a medicação e o drama surge, inevitavelmente. Eu sei que isto não é consciente, eu sei que isto faz parte de uma área que não controlamos, mas neste momento está tudo descontrolado!A mulher mais maravilhosa deste mundo é a minha mãe, por isso a escolheste não foi?, está a sofrer demais, e não é a primeira vez, e sabes Pai? a mana trata-a tão mal! todos vêem, todos comentam, ninguém diz nada, até a Mariana me pergunta porquê e eu nem sei responder. Mais uma vez apelou ao mais baixo sentimento que existe, a pena, mas desta vez parece que já ninguém acredita. Espero que sim, que seja internada, espero ter a possibilidade de dar a minha opinião, espero que a manipulação e desonestidade entranhada na minha irmã não prevaleça, espero que por fim, se reabilite o corpo para tratar a mente, sonho com um dia, na Ericeira, onde essa cadeira em frente ao mar ainda existe, nós as duas nos sentemos e, talvez seja nesse dia, brindemos a ti e agradeçamos o tudo que nos deste.Pai, imagino-te aqui comigo, sabes bem do que estou a falar. Fica comigo por favor! Amo-te!



Quem me dera que o tempo mudasse esta roda gigantesca, parasse por momentos e permitisse que as suas voltas se cruzassem e eu te encontrasse e não escreveria mais, apenas trocávamos olhares e saberíamos o que sentir..
.

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Meus desejos

O que eu queria agora...

Falar contigo
Dizer que te amo
Perguntar-te porquê
Pedir que me ajudes
Pedir que guies a mana
Contar-te os meus dias
O Diogo
A Mariana
Sabes?
Não acredito que não estas comigo.
Procuro-te em todo o lado,
Em todo o lado deixaste uma marca
E eu vou sabendo dela,
Menos comigo,
Comigo não te encontro,
Não sei de ti.
Vivo os teus caminhos,
Vivo as tuas discórdias,
Vivo a tua ira e a tua zanga,
de tal forma que anseio por vingança,
com dor e feridos e mais dor,
Para te homenagear, meu Pai.
Meu herói.
Meu herói.
As forças não me faltam... acho...


sábado, 19 de março de 2016

Dia do Pai!

Pai!

O teu dia, como todos os outros, a dimensão da tua presença marca cada segundo da minha vida. Tão grande, tão grande!

Hoje sou mais, sei mais, a perspectiva mudou, mais uma vez, graças a ti. Quem me dera dizer-te, no meio de um abraço, feliz dia do Pai!


sábado, 12 de março de 2016

?

Pai,

Sonhei contigo mais uma vez, esta foi diferente, tão real!
Apareceste à minha frente, tive medo, medo de não ser real tive medo de te tocar, chorei, sentei-me no chão a chorar sem saber o que pensar. Perguntei-te se estavas bem... Acho que não me respondeste mas mostraste-me, com o teu sorriso, que sim!

Queria tanto saber que sim, que sim, que estas bem, amo-te tanto!
Continuo a encher a minha alma, acho que já não posso conte-la mais... Sabes? És um homem maravilhoso, a tua presença enche os meus dias, amo-te!
Nês

sexta-feira, 11 de março de 2016

Agora

Agora sei mais de ti,
Agora que a lua me fala,
assim pequenina, fez.me prostrar e ver,
aquela luz...

não interessa se ofusca, ou se atinge o seu auge.

Mesmo assim pequena... tão cheia, tão cheia, do seu próprio brilho.

Como eu quero que seja...

Nês

sexta-feira, 4 de março de 2016

E eu?

Clientes, contas, senhorio, conservatória, multas, coimas, juros, saudade, dor, os filhos, os testes, incumprimentos, ameaças, o telefone, dividas, as casas, a porta, o telhado, as chaves, o leasing, contas caucionadas, juros, seguros, dor, arrendar, vender, o gas, seguros, onde deixei eu as chaves, será que paguei a segurança social, não o mês o plano... o telefone, as vozes, o cheiro, as roupas, as caixas. Lavei a carrinha, não mexi na caixa.O pec, os dois pecs, Os sentidos pêsames, as encomendas, a auditoria, os números, o Pedro, os cartões, a inspeção, a policia, os processos, a Mariana, a universidade, o óbito, os herdeiros, os desconhecidos, os horários, a roupa, explicações, a falsidade, o medo, as finanças, hipotecas, mais ameaças. veladas, o advogado, não comprei café, a funerária, a segurança social, amanhã não tenho almoço,  Projectos, medo, dor... dor... Ainda me chamo guerreira, só não sei... só não sei...

Sou eu a Inês, estou aqui sozinha e sou guerreira e preciso de paz e de força e de ânimo e de palavras amigas e daquela lua que me tem acompanhado nas mais difíceis madrugadas.

Ali, onde se vê mais longe, não estou eu, está a tal guerreira que ainda não conseguiu parar para ver mais longe. Não preciso de mais dor nem de poesias, preciso de sorrisos e de alegria!


quarta-feira, 2 de março de 2016

Já estamos em Março

Cá estou eu Pai,
Neste sitio que tão bem conheces.

Sinto-me estranha, não estou a sentir nada além de raiva, sinto-a cá dentro tão entranhada.
Estou cansada... Apetecia-me rir e cantar e dançar e ter vontade para simplesmente me sentar e ler um livro, apetecia-me sentir paz, desligar-me do mundo e ficar a ser... apenas ser...

Tenho feito uns desvios, tentado encontrar sítios bonitos, mas vou de fugida, sem conseguir parar!

O tempo vai estar do meu lado!
Vai tudo correr bem, como tu dizias, tudo se há-de resolver!

Tenho saudades!


quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Mais uma viagem




E agora aqui... Penso em ti,
com saudades,

Tentar parar
e deixar em cada imagem
esta dor que me consome.

Pai, é para ti!


sábado, 20 de fevereiro de 2016

O tanto que és!
O tanto que inundas o meu mundo!
O tanto que eu, na minha correria, deixei de sentir e viver...
A lua, e um arco íris, caminhos e chão, a noite e o céu. Caminhos de terra, outros caminhos, outras distancias, outros percursos e pensares, uma alma inconstante e demasiado enorme para caber em nós, e eu que não soube sentir-te. Tão cansada que estava da minha correria, e tu ali... e agora aqui, comigo!
Não sei sentir a dor que o mundo insiste que eu aceite, posso não querer? Posso chorar pelo abraço que não te dei? apenas isso, um abraço.
Afinal o meu mundo é feito de ti e das tuas presenças, as tuas magoas são tão minhas, os teus sentidos são tão meus. Serei apenas o que de de mim fiz crescer, assente naquela lua imensa que nos guiava, quando desligavas as luzes do carro e mesmo assim seguíamos o nosso caminho. Onde raio me perdi? Ou será que me perdi? Vou conseguir Pai? Vou!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Pai,

Tenho aprendido contigo, agora que não estás aqui, tanto, tanto! Percebi que de nada me vale pedir que os meus filhos entendam, algo que apenas a idade e o tempo lhes irão ensinar. Como eu,,, o quanto me debato pelo tudo que não te disse, que não te perguntei, que não falámos. Continuas comigo sabias? Sempre comigo em tudo o que faço, tudo o que penso, tudo o que decido. Não tem sido fácil!

Para mim continuas aqui, ao meu lado, o mundo precisa de ti, não vive sem a tua enorme presença, e eu deixo-me estar aqui, a ver este arco iris, igual ao que vi naquela tarde, cheio de cor e de ti. Não sei aceitar a tua ausência, vou fingindo que a vida corre, vou fingindo que sigo os teus passos, e assim fingindo vou percebendo que estás comigo. Não há sinais, nem guias, não há nada.... eu fico assim à espera.

Não consigo entender a tua ausência, não consigo aceitar que não estás ali, como sempre, para mim!
A vida corre num apice, tomei consciência disso quando deixei de te encontrar, percebi que deveria parar de correr e simplesmente aproveitar a pequenina passagem que me é oferecida. Sabes Pai, muitas das minhas palavras saem para acreditar nelas... Tenho saudades tuas. Preciso tanto falar contigo, preciso tanto que olhes por mim, preciso tanto do teu apoio, da tua presença. Preciso de ti!
Tua Nês.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Hoje

Pai,
Hoje não consigo escrever. Estou doente e sem ânimo.
Ainda não acredito Pai. Ainda nem percebi.

Não sei onde estás, não sei se estás bem, não sei que fizeste tu nestes ultimos meses, não falámos Pai, que raio, não falámos.

Isto é culpa! e esta culpa doi muito.

Estou exausta!
Amo-te melhor Pai do mundo!
Nês

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Parabéns Camila

A tua benjamim faz hoje 5 aninhos,

Podias estar no outro lado do mundo, nunca perdias o aniversário de um netinho. Meu Deus as coisas que eu queria ter-te dito.

Venho abalada de casa da mamã. A Sandra está um caos, nem sei avaliar, nem sei pensar, não entendo, não sei o que fazer. As palavras da mamã estão a entupir-me o raciocinio, a Sandra não vai aguentar!

Preciso de ti Pai!

Preciso da tua vida, da tua forma inigualável de aceitar a vida e os seu contornos, preciso ao menos aceitar que tenho uma estrela, um guia, tu!

Parabéns avô babado! Tens uma netinha maravilhosa!

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Parar

É tão grande o peso Pai...

E tu, Pai maravilhoso, nunca o partilhaste. Como não partilhaste a humilhação, a impotência, a vergonha que te fizeram passar... pelo menos comigo. Sempre criaste aquela imagem de quem não se preocupa, mas preocupavas-te tanto. Porque é que não me mostraste tudo isto? Porque é que eu não quis ver?

Tens amigos maravilhosos... dos quais também nunca me falaste... tanto que não falámos!

O peso está agora em cima de mim, mas não te preocupes, sou forte, estou a fazer as coisas à minha maneira, muitas delas sei que não concordarias, mas é o melhor  que sei. O Paulo da CA tem sido, como sempre, um verdadeiro amigo. Os do Bes umas bestas. Os teus clientes do Alentejo sentem a tua falta, falam de ti com dor. Na serra o Sr, António, à sua maneira mostrou-me o quanto sentiu a tua partida. A Margarida M. só soube ontem, disse que estava em choque. O Costa esteve em Mértola, abatido, em Mértola estiveste rodeado de grandes amigos, mais não estiveram pois foi tudo demasiado rápido. O Tio Eduardo tem sido uma voz de alento e uma presença muito querida. Deixaste por onde passaste uma marca enorme, visível a quem por lá passa.

Tenho-me perdido em cada viagem que faço. Perdi-me em Tábua às 5 da manhã. Perdi-me na Serra, perdi-me no Alentejo. Não tenho a tu capacidade de me orientar e o GPS da Margarida (dei-lhe este nome, a tua carrinha) só me baralha.
Estamos em Fevereiro, não há autorizações e assim, não há dinheiro, e como ele me falta.

Hoje foi a habilitação de herdeiros, mais um acto formal que custou muito. Sabes que não estou a encarar muito bem a realidade, estou aqui a escrever para ti com a total convicção que irás ler, ouvir certas palavras custa-me e irrita-me.

A tua amiga Belinha Navarro é uma querida. A tua amiga Ana Rita Queiroz é uma surpresa, gostava de falar com ela, parece que te conhece de uma forma muito singular. A Clara Reis é uma incógnita, tenho uma vontade doida de lhe pedir amizade no Facebook, não para saber que tipo de relação tinham, apenas para a ouvir falar de ti, afinal foi a última pessoa com que falaste e falaste tanto!

A mana... sei tão bem o quanto te fazia sofrer... a mana está a recuperar, mas muito devagarinho. estou certa que me vai ajudar muito e juntas, com muitas cedências de parte a parte, com o obrigatorio crescimento emocional dela, vamos ter sucesso e homenagear uma obra que começaste e que não vou deixar acabar.

O processo e a polícia... por um lado adoraria que tudo começasse, por outro lado sei não tenho a serenidade necessária para fazer de tudo isto uma enorme lição para aquela cambada de prepotentes, falhados e frustrados, tal como tu acreditavas que iria ser, e eu também... mas não queria mais especular... por isso também sobre isto não falamos...

Olha só este desabafo...

Pus aquela imagem das margens do rio, porque senti que era onde tu conseguias parar, na margem bonita do rio, a apreciar o cheiro a terra molhada ao mesmo tempo que vias sereno a corrente que seguia o seu caminho, por vezes numa calmaria insonora, noutras num turbilhar de emoções, como eu... na minha correria, querer tratar de tudo, prever tudo, antecipar-me... estou exausta... quem me dera ter aprendido a parar um bocadinho, sentar-me nas margens do Guadiana e simplesmente ver a corrente levar a agua serena ou apressada...

Obrigada pela Lua que me acompanhou, como tu, ontem de madrugada!

Será que isto que hoje sinto é um bocadinho de Paz???

És o meu guia agora! Meu Pai!
Nês

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Os caminhos



Pai,

Os teus caminhos são meus agora, são os meus olhos e o meu sentir.
Perspectiva diferente, rumo igual.

Estou aqui...
Nês

sábado, 30 de janeiro de 2016

Pai...
Não estou a sentir... Tudo me mostra, mas nada eu sinto. Olha tu ali, tão perto tão meu... meu Pai!
Estou a lutar Pai, por ti por mim e pela mana, estou sozinha, contigo, sem ti e sem ninguém, estás comigo certo? Diz.me, mostra-me, faz-me acreditar... Ajuda-me, ajuda-me, ajuda-me...
Dizem que partiste... mas não vás, fica só um bocadinho comigo, mostra-me uma estrela, mostra-me um luar, mostra.me um sinal, para que eu corra para ti e para mim e para parar de não sentir. Pai onde é que estás? Pai... Não consigo chorar mas agora que escrevo choro e percebi, antes que tudo se desmorone eu tenho que agarrar a tua força, a teimosia, Meu bom homem, meu grande Pai, meu heroi, Quero lá saber de quem diz que te devo deixar ir, eu não quero, e tu não queres, não me deixes assim Pai, Fica comigo.

Deixa.me dar.te um abraço... deixa.me dormir no teu colo, deixa-me dizer.te que te amo!

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

4 de Janeiro

A notícia, a dormência, as perguntas, o vazio, o medo, o silêncio, a loucura, os devaneios, a realidade, as duvidas, a família, o amor , o terror, a insanidade, o porto seguro, as lágrimas, o caminho, a planície, a saudade, a culpa, o amor, a tua imagem, a dor, a dor, a dor, o telefone, as condolências, os deveres, a insanidade, a culpa, a dor, a dormência, o silêncio, as minhas mãos cheias de tudo e do teu nada, a dor, a imensa dor, as lágrimas, o silêncio e ...

Mértola, arrebatada por um nada que nunca tinha sentido, as janelas da casa abertas como que a libertarem-se de ti, o teu carro, tu em todo o lado, e eu ali...

Mostraram-me coisas, disseram-me coisas, ao bom jeito de quem é destas terras, jeito frio e cheio de fé... assustador.

Depois entrei na capela onde tive que ver o avô bonito, em que precisei ver a avó bonita como ela queria ir e tu meu Pai. Naquela capela vi um caixão e morri contigo! Estou tão contigo Pai, deixa-me estar assim, só mais uns momentos, teus ou meus, deixa-me estar no teu colo, deixa.me abraçar.te.

Alguém entrou e sobre aquela espécie de altar puseram uma fotografia tua, a olhar para nós, para mim. Foi nessa altura que entendi o que me queriam dizer. Eras tu Pai, ali.

A dor.... a dor... abraça-me Pai porque és a pessoa mais maravilhosa da minha vida e eu não quero perder-te nunca.

A dor... o vazio... o velorio...

Nessa noite dormi no Hotel Museu, conheciam-te, o meu Pai!

Nês






Arrumar caixinhas

Véspera de Natal

O que preparei, esperando uma noite de alegria e festa dos teus netos, transformou-se numa tentativa de manter uma alegria e uma festa, manchada cá dentro com a presença da Sandra... Pensámos nós... como é possível? Como? Ficamos sem palavras, observamos atónitos e em silêncio a presença da nossa querida Sandra. Sofreste mais que eu, és Pai... Não falamos, nem sei porquê. Eu queria tanto um Natal feliz... Enchemo-nos de máscaras e passamos o tempo com conversas giras e fúteis, com muitas garrafas de vinho.
Foste embora com o Tiago e nem nos despedimos, o que eu dava agora por um abraço teu?

Dia de Natal

Pedi à mamã que voltasse com a Sandra, havia sobrado tanta coisa... aqui passamos o dia, vimos fotos e recordamos tempos passados, falei contigo e vi os teus passeios sozinho pela nossa Lisboa, estive contigo em pensamento, pensei que te devia ter convidado para estares connosco, penso que não o fiz por medo que o sofrimento que pairava no ar e que nem eu nem tu entendiamos bem se agravasse com a tua presença, sempre forte, sempre assertiva, sempre desadequada no tempo e espaço. Imaginei-te forte nos teus passeios, imaginei-te seguro nas tuas convicções, imaginei-te apreensivo e amargurado pela imagem da tua Sandra, na minha mente ficava um havemos de falar... eu hei-de amenizar essa amargura e havemos de trocar ideias.

30 de Dezembro

A caminho de Almada para ver o bebe da família, sim a tua família, tu sentias isso, ligaste-me, falamos, brincaste, eu abreviei a conversa porque como sabes, detesto falar ao telemóvel. Disseste que ias para Mértola e eu achei bem.

31 de Dezembro

Trocamos mensagens, já passava da meia noite, sobre as facturas para o Sérgio. Esse foi mais um golpe não foi Pai?, tudo o que planeavas caiu por terra... Falámos perto das oito da noite, sei que pensei porque raio não te convidei para estares comigo, mas eu estava zangada, talvez menos zangada dado a época festiva. Desejei-te muita saúde que isso era o que nós precisávamos...

Não falámos mais!

No dia 1 vi o que escreveste no Face, no dia 2 vi o que escreveste no Face e no dia 3 acordei com uma angústia inexplicável, ou racionalmente explicável por tantas outras situações, no dia 3 liguei-te, duas vezes e o teu telemóvel estava desligado. Imaginei que não tinhas bateria... Acordei às 5 da manhã peguei no telefone e quis ler aquela mensagem "o nº que tentou contactar já está disponível" e não havia nenhuma mensagem. Não dormi mais, fui para Lisboa, depois de deixar o Diogo na escola, a medo, liguei-te mais uma vez...

Pedi à Isabel que te procurasse e recebi um telefonema do Tio Eduardo e caí no chão...

Pai... não consigo descrever o amor que sinto por ti.
Pai... não consigo perceber que não estás comigo.
Pai... não consigo parar de ter medo de saber...

Eu achei que ia arrumar caixinhas, mas para arruma-las eu precisava de um abraço, precisava não sentir culpa, precisava ter estado contigo... nem sei como nem quando, sei que me falta um pedaço de alma, um pedaço de coração, um pedaço de mim.

Depois desse telefonema, perdi-te!




terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Desabafo


Domingo foi o teu aniversário, foi um dia muito difícil, pela data, pela tempestade que estava lá fora e cá dentro.

Fui assistir à missa da Igreja da Graça em Torres, foi muito bonita e especial, foi doloroso, sabes o quanto aquele ambiente nos acalma por um lado, e nos assusta ... Houve música e cânticos e uma mensagem bonita!

Os meus dias estão a ser um turbilhão, há alturas em que não sinto nada, movo-me apenas pelas diretivas do cérebro, na azafama do tudo o que me deixaste para fazer. Outras em que os sentimentos parecem não caber mais no meu peito, em que só as lágrimas me confortam.

Estou a lutar Pai, como posso e como acredito. Por vezes parece que estou a lutar para não sentir.

Tenho saudades Pai, cada vez mais!
Nês





sábado, 9 de janeiro de 2016


Chegou!...
A minha mensagem para o ano que começou.
Porque gostar de quem gosta de nós é tão simples! O difícil é sermos retribuídos quando gostamos, amamos, elegemos alguém agarrando um sentimento cada vez mais escorregadio: o da amizade!
Um ano que começa, outro que se despediu. Tempo que se esvai. Que não controlamos, antes somos controlados.
Tão triste quando reflectimos e nos interrogamos.
Quem não olha para trás e recorda no baú das amizades quem já existiu e ainda vive?
Na rampa inevitável e inexorável comum a todos nós não seremos mais de mais um que se vai.





As tuas últimas palavras no Facebook de que tanto gostavas... Não paro de lê-las, de tentar encontrar um sentido diferente do "mais um que se vai".

Hoje é Sábado, tem sido um dia difícil, cada hora, cada minuto... Amanhã vou rezar à minha maneira numa igreja onde nunca entrei, aqui em Torres Vedras, terra que não é minha nem tua.

Estou tão triste Pai, estou a sofrer tanto... Cheia de dúvidas, de incertezas, de medos e dor... pura e simples e inexorável... dor!

Amo-te tanto! Até amanhã!
nês

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Pai

Olá Pai,

Preciso tanto falar contigo, tenho tantas coisas para te dizer, temos tanto que conversar...

Há agora muito em ti que entendo, agora que te perdi.

Eu estava tão zangada contigo e nunca te disse porquê! E o que mais queria agora, era ter a certeza que tu sim, sabias o porquê da minha zanga.

Porque tu não tinhas pressa.
Porque as tuas prioridades não eram as minhas.

Estava zangada porque te queria preocupado enquanto tu, estando preocupado vivias cada momento apreciando o melhor, o teu melhor, mesmo que acessório para mim. Eu queria resultados, queria ser pratica, queria correr, queria ultrapassar tudo, mesmo ultrapassando pequenos prazeres que, eram um obstáculo à minha determinada correria. Estava zangada porque ocupavas o teu tempo com pormenores que eu não entendia.
Estava zangada porque ao invés de seres frio, obstinavas com as teorias de cabalas e perseguições. Estava zangada porque achava que não te preocupavas com um futuro que eu previa tão difícil, porque rias e debatias os assuntos do dia que não eram os nossos assuntos. Estava zangada porque quando lutavas, era pelas tuas convicções, mesmo sabendo que me ouvias, as tuas ideias sempre prevaleciam. Estava zangada porque só fazias o que querias.

Porque o teu tempo era afinal, mais precioso. Eu perdi-o zangada enquanto tu o vivias, mas mesmo que mo tivesses explicado eu não o teria entendido.

Enquanto estive zangada, tu aproveitaste os pequenos momentos que nos enchem a alma.

Tínhamos que ter falado, tinhas que me ter explicado, eu tinha que ter percebido e mesmo que não percebesse, teria ouvido, porque afinal não tinhas mais ninguém a quem, mesmo nesses momentos de pequenos prazeres, desabafar o que realmente te ia na alma.

E aguentaste tudo sozinho, e eu aguentei tudo sozinha e zangada, e devíamos ter dividido o peso, porque para ti foi demasiado e porque agora eu não te tenho e tenho o peso sozinha.

Não penses nunca que te culpo! Nunca! Pelo contrário admiro-te.

Agora continuo zangada por ter estado tão zangada contigo. 

Preciso que saibas que o amor que sinto por ti é imensurável, que só agora percebi tudo isto, que doi muito ser tarde.

Preciso tanto que me oiças! Desculpa se não te entendi. 

Além do Pedro que tem sido incansável, não tenho com quem desabafar, por isso escrevo aqui, para ti.

A Conceição disse-me que não te posso pedir ajuda, que tenho que te deixar ir... e se eu não quiser que tu vás? e se eu não acreditar que alguma vez irás, e se eu ainda nem sequer acreditar que não estás aqui?
Então é aqui que vou desabafar, contigo meu Pai.

Deixo-te a promessa que vou lutar.
Amo-te muito!