sábado, 30 de janeiro de 2016

Pai...
Não estou a sentir... Tudo me mostra, mas nada eu sinto. Olha tu ali, tão perto tão meu... meu Pai!
Estou a lutar Pai, por ti por mim e pela mana, estou sozinha, contigo, sem ti e sem ninguém, estás comigo certo? Diz.me, mostra-me, faz-me acreditar... Ajuda-me, ajuda-me, ajuda-me...
Dizem que partiste... mas não vás, fica só um bocadinho comigo, mostra-me uma estrela, mostra-me um luar, mostra.me um sinal, para que eu corra para ti e para mim e para parar de não sentir. Pai onde é que estás? Pai... Não consigo chorar mas agora que escrevo choro e percebi, antes que tudo se desmorone eu tenho que agarrar a tua força, a teimosia, Meu bom homem, meu grande Pai, meu heroi, Quero lá saber de quem diz que te devo deixar ir, eu não quero, e tu não queres, não me deixes assim Pai, Fica comigo.

Deixa.me dar.te um abraço... deixa.me dormir no teu colo, deixa-me dizer.te que te amo!

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

4 de Janeiro

A notícia, a dormência, as perguntas, o vazio, o medo, o silêncio, a loucura, os devaneios, a realidade, as duvidas, a família, o amor , o terror, a insanidade, o porto seguro, as lágrimas, o caminho, a planície, a saudade, a culpa, o amor, a tua imagem, a dor, a dor, a dor, o telefone, as condolências, os deveres, a insanidade, a culpa, a dor, a dormência, o silêncio, as minhas mãos cheias de tudo e do teu nada, a dor, a imensa dor, as lágrimas, o silêncio e ...

Mértola, arrebatada por um nada que nunca tinha sentido, as janelas da casa abertas como que a libertarem-se de ti, o teu carro, tu em todo o lado, e eu ali...

Mostraram-me coisas, disseram-me coisas, ao bom jeito de quem é destas terras, jeito frio e cheio de fé... assustador.

Depois entrei na capela onde tive que ver o avô bonito, em que precisei ver a avó bonita como ela queria ir e tu meu Pai. Naquela capela vi um caixão e morri contigo! Estou tão contigo Pai, deixa-me estar assim, só mais uns momentos, teus ou meus, deixa-me estar no teu colo, deixa.me abraçar.te.

Alguém entrou e sobre aquela espécie de altar puseram uma fotografia tua, a olhar para nós, para mim. Foi nessa altura que entendi o que me queriam dizer. Eras tu Pai, ali.

A dor.... a dor... abraça-me Pai porque és a pessoa mais maravilhosa da minha vida e eu não quero perder-te nunca.

A dor... o vazio... o velorio...

Nessa noite dormi no Hotel Museu, conheciam-te, o meu Pai!

Nês






Arrumar caixinhas

Véspera de Natal

O que preparei, esperando uma noite de alegria e festa dos teus netos, transformou-se numa tentativa de manter uma alegria e uma festa, manchada cá dentro com a presença da Sandra... Pensámos nós... como é possível? Como? Ficamos sem palavras, observamos atónitos e em silêncio a presença da nossa querida Sandra. Sofreste mais que eu, és Pai... Não falamos, nem sei porquê. Eu queria tanto um Natal feliz... Enchemo-nos de máscaras e passamos o tempo com conversas giras e fúteis, com muitas garrafas de vinho.
Foste embora com o Tiago e nem nos despedimos, o que eu dava agora por um abraço teu?

Dia de Natal

Pedi à mamã que voltasse com a Sandra, havia sobrado tanta coisa... aqui passamos o dia, vimos fotos e recordamos tempos passados, falei contigo e vi os teus passeios sozinho pela nossa Lisboa, estive contigo em pensamento, pensei que te devia ter convidado para estares connosco, penso que não o fiz por medo que o sofrimento que pairava no ar e que nem eu nem tu entendiamos bem se agravasse com a tua presença, sempre forte, sempre assertiva, sempre desadequada no tempo e espaço. Imaginei-te forte nos teus passeios, imaginei-te seguro nas tuas convicções, imaginei-te apreensivo e amargurado pela imagem da tua Sandra, na minha mente ficava um havemos de falar... eu hei-de amenizar essa amargura e havemos de trocar ideias.

30 de Dezembro

A caminho de Almada para ver o bebe da família, sim a tua família, tu sentias isso, ligaste-me, falamos, brincaste, eu abreviei a conversa porque como sabes, detesto falar ao telemóvel. Disseste que ias para Mértola e eu achei bem.

31 de Dezembro

Trocamos mensagens, já passava da meia noite, sobre as facturas para o Sérgio. Esse foi mais um golpe não foi Pai?, tudo o que planeavas caiu por terra... Falámos perto das oito da noite, sei que pensei porque raio não te convidei para estares comigo, mas eu estava zangada, talvez menos zangada dado a época festiva. Desejei-te muita saúde que isso era o que nós precisávamos...

Não falámos mais!

No dia 1 vi o que escreveste no Face, no dia 2 vi o que escreveste no Face e no dia 3 acordei com uma angústia inexplicável, ou racionalmente explicável por tantas outras situações, no dia 3 liguei-te, duas vezes e o teu telemóvel estava desligado. Imaginei que não tinhas bateria... Acordei às 5 da manhã peguei no telefone e quis ler aquela mensagem "o nº que tentou contactar já está disponível" e não havia nenhuma mensagem. Não dormi mais, fui para Lisboa, depois de deixar o Diogo na escola, a medo, liguei-te mais uma vez...

Pedi à Isabel que te procurasse e recebi um telefonema do Tio Eduardo e caí no chão...

Pai... não consigo descrever o amor que sinto por ti.
Pai... não consigo perceber que não estás comigo.
Pai... não consigo parar de ter medo de saber...

Eu achei que ia arrumar caixinhas, mas para arruma-las eu precisava de um abraço, precisava não sentir culpa, precisava ter estado contigo... nem sei como nem quando, sei que me falta um pedaço de alma, um pedaço de coração, um pedaço de mim.

Depois desse telefonema, perdi-te!




terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Desabafo


Domingo foi o teu aniversário, foi um dia muito difícil, pela data, pela tempestade que estava lá fora e cá dentro.

Fui assistir à missa da Igreja da Graça em Torres, foi muito bonita e especial, foi doloroso, sabes o quanto aquele ambiente nos acalma por um lado, e nos assusta ... Houve música e cânticos e uma mensagem bonita!

Os meus dias estão a ser um turbilhão, há alturas em que não sinto nada, movo-me apenas pelas diretivas do cérebro, na azafama do tudo o que me deixaste para fazer. Outras em que os sentimentos parecem não caber mais no meu peito, em que só as lágrimas me confortam.

Estou a lutar Pai, como posso e como acredito. Por vezes parece que estou a lutar para não sentir.

Tenho saudades Pai, cada vez mais!
Nês





sábado, 9 de janeiro de 2016


Chegou!...
A minha mensagem para o ano que começou.
Porque gostar de quem gosta de nós é tão simples! O difícil é sermos retribuídos quando gostamos, amamos, elegemos alguém agarrando um sentimento cada vez mais escorregadio: o da amizade!
Um ano que começa, outro que se despediu. Tempo que se esvai. Que não controlamos, antes somos controlados.
Tão triste quando reflectimos e nos interrogamos.
Quem não olha para trás e recorda no baú das amizades quem já existiu e ainda vive?
Na rampa inevitável e inexorável comum a todos nós não seremos mais de mais um que se vai.





As tuas últimas palavras no Facebook de que tanto gostavas... Não paro de lê-las, de tentar encontrar um sentido diferente do "mais um que se vai".

Hoje é Sábado, tem sido um dia difícil, cada hora, cada minuto... Amanhã vou rezar à minha maneira numa igreja onde nunca entrei, aqui em Torres Vedras, terra que não é minha nem tua.

Estou tão triste Pai, estou a sofrer tanto... Cheia de dúvidas, de incertezas, de medos e dor... pura e simples e inexorável... dor!

Amo-te tanto! Até amanhã!
nês

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Pai

Olá Pai,

Preciso tanto falar contigo, tenho tantas coisas para te dizer, temos tanto que conversar...

Há agora muito em ti que entendo, agora que te perdi.

Eu estava tão zangada contigo e nunca te disse porquê! E o que mais queria agora, era ter a certeza que tu sim, sabias o porquê da minha zanga.

Porque tu não tinhas pressa.
Porque as tuas prioridades não eram as minhas.

Estava zangada porque te queria preocupado enquanto tu, estando preocupado vivias cada momento apreciando o melhor, o teu melhor, mesmo que acessório para mim. Eu queria resultados, queria ser pratica, queria correr, queria ultrapassar tudo, mesmo ultrapassando pequenos prazeres que, eram um obstáculo à minha determinada correria. Estava zangada porque ocupavas o teu tempo com pormenores que eu não entendia.
Estava zangada porque ao invés de seres frio, obstinavas com as teorias de cabalas e perseguições. Estava zangada porque achava que não te preocupavas com um futuro que eu previa tão difícil, porque rias e debatias os assuntos do dia que não eram os nossos assuntos. Estava zangada porque quando lutavas, era pelas tuas convicções, mesmo sabendo que me ouvias, as tuas ideias sempre prevaleciam. Estava zangada porque só fazias o que querias.

Porque o teu tempo era afinal, mais precioso. Eu perdi-o zangada enquanto tu o vivias, mas mesmo que mo tivesses explicado eu não o teria entendido.

Enquanto estive zangada, tu aproveitaste os pequenos momentos que nos enchem a alma.

Tínhamos que ter falado, tinhas que me ter explicado, eu tinha que ter percebido e mesmo que não percebesse, teria ouvido, porque afinal não tinhas mais ninguém a quem, mesmo nesses momentos de pequenos prazeres, desabafar o que realmente te ia na alma.

E aguentaste tudo sozinho, e eu aguentei tudo sozinha e zangada, e devíamos ter dividido o peso, porque para ti foi demasiado e porque agora eu não te tenho e tenho o peso sozinha.

Não penses nunca que te culpo! Nunca! Pelo contrário admiro-te.

Agora continuo zangada por ter estado tão zangada contigo. 

Preciso que saibas que o amor que sinto por ti é imensurável, que só agora percebi tudo isto, que doi muito ser tarde.

Preciso tanto que me oiças! Desculpa se não te entendi. 

Além do Pedro que tem sido incansável, não tenho com quem desabafar, por isso escrevo aqui, para ti.

A Conceição disse-me que não te posso pedir ajuda, que tenho que te deixar ir... e se eu não quiser que tu vás? e se eu não acreditar que alguma vez irás, e se eu ainda nem sequer acreditar que não estás aqui?
Então é aqui que vou desabafar, contigo meu Pai.

Deixo-te a promessa que vou lutar.
Amo-te muito!