sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Só nós...

Agora nada é claro, eu via-te no luar... senti paz , não sei quando. Não há muito espaço para sentir, logo eu que não me dou tréguas, não me dou descanso e não sei porquê.Não consigo parar... tenho medo de sentir? Não, acho que não...

Estávamos sentadas no bar do hospital, estavas melhor, ias sair.E eu tinha que ir embora, tínhamos planos, tantos planos. Mana, não consigo, sabes aquelas coisas que só nos sabíamos, sabes aquelas coisas... sabes, aquelas coisas, sabes, tu sabes Sandra.Sandra... a tua menina é uma força maior,como tu, cheia de dramas, ajuda-nos a dar-lhe paz, sem medos, sem comparações, a minha Camila,que seja sempre tua, sem medos sem dramas, sem invejas... isso destrói...minha Mili Linda, deixa deixa, deixa.E eu? Fica comigo ... Temos tanto as duas e eu não tenho ninguém a quem contar, a nossa vida a nossa historia. Não te sei longe. Não te sei longe de mim. Preciso tanto de ti.

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Eu e tu...

Minha prenda de anos, da minha filhinha linda. Eu e tu mana!
No meu dia de aniversário faltou tanta coisa, faltou-me a força para que não me faltasse tudo... e assim, tudo me faltou.
Ainda não sei que não estás cá.
Ainda não sei perder-te.
Ainda não sei porque deixaste que eu te perdesse.

Ainda não sei como se vive sem ti.
Minha irmã.
Minha melhor e única amiga.
Minha alma gémea.
Minha cúmplice

Damos as mão e pronto, seguimos em frente, de mãos dadas, sempre!

sexta-feira, 14 de abril de 2017

A lua e a Páscoa

Primeiro a lua, que esta semana foi grande e me acompanhou, deu-me luz que tanto precisava!

Teimo em poupar os meus meninos de tudo o que me impuseram e foi difícil e estranho. Teimo em insistir com os meus meninos em tudo o que me legaram e, de alguma maneira, me tornou melhor.
Agora pondero o que lhes neguei... pondero também o que lhes dei para que mais tarde também eles ponderem...

A Páscoa, Na Páscoa havia a procissão, havia o cheiro a rosmaninho, Um dia tive que beijar os pés do andor, não gostei! Detestava que não comêssemos
 carne, detestava ouvir falar da morte e da crucificação e as orações e os cânticos... mas permanece aquele cheiro a rosmaninho...
Nada disto dei aos meus meninos, hoje a Mariana vai para o Bairro Alto e o Diogo está ligado à Play Station, Colhi um molhinho de rosmaninhos que pus na sala, encomendei cabrito, imaginei que a Sandra pudesse passar o Domingo comigo.... mas não ...Queria agora abrir aquela gavetinha daquele oratório tão piroso que a avó tinha na sala de estar e ouvir aquela musica e cheirar o rosmaninho e deixar-me estar, quieta, feliz, cheia do que de tanto esta família me ensinou e que que nunca poderei esquecer. Sei agora que esses ensinamentos são raros, sei que o comum é a frieza o pragmatismo, olho para o meu passado e agradeço, tanto... Este tipo de amor, que cheira a rosmaninho e a paz, vem de dentro, do coração e isto não se ensina, mostra-se... e eu mostrei-vos certo ? Meus filhos... mostrei-vos a imensidão da palavra família, mesmo que agora seja mais pequenina. Feliz Pascoa!.

Catequese, baptismo, primeira comunhão, e nada disto transmiti, porque em nada disto acredito, por isso a páscoa é uma memória linda, de certezas e verdades e histórias, e o cheiro dos folares, isso sim é memória, naquele forno a lenha onde a avó Artemisia me deixava, só por uns momentos, porque eu não podia estar ali.Que se lixe o passado? o futuro é que interessa? e o cheiro a rosmaninhos? e os folares? e a procissão? E a minha Mariana que estará no bairro alto e o meu Diogo que não larga aqueles jogos?  E eu? e a minha mana? Estou cansada... estou tão cansada. Parece que naquela altura, havia só o cheiro a rosmaninho e os folares... e o calor de um Abril diferente. Tenho medo, do que aí vem!

quinta-feira, 6 de abril de 2017

Tita

Hoje eu queria tanto ser a Tita...
Nas noites de verão, quando brincávamos na avenida e tu me chamavas... Tita! Quando não querias que fosse para as azenhas com o Serrão porque eram só moços... e eu era a tua Tita. E quando me adormecias e me ensinavas aquelas oraçoes... não me lembro avó, era Deus menino pequenino...Hoje eu queria ser Tita, queria tanto...queria ouvir a tua voz maravilhosa, queria saber onde estavas, queria tanto, tanto ser a tua Tita, não sou Tita para ninguém, Sou Tita na tua cozinha quando amassavas as costas e as enchias de torresmos, sou Tita quando acordava de madrugada e tu estavas a cuidar das tuas flores, sou a tua Tita sempre, e quando me levavas para dentro da tua vida, quando me contavas as maravilhosas historias da tua vida, sim avó, eu talvez entenda onde ficou aquele anel... naquele soalho que enceravas Dava tudo para ouvir a tua voz, dava tudo para que me amparasses nesta vida que tem sido tão dura. Sou Tita só para ti e queria ser sempre.Ajuda-me mulher enorme, ajuda-me a ser imensa como sempre foste. Amo te avó, e sou a tua Tita, sempre!
.Quis por uma imagem.... mas tudo magoa demais... um dia!
Parabéns minha avó Maria, mais um ano, preciso tanto de ti!Aquela Tita.... És brilhante, E  perto de ti estará o homem que eu desejava que estivesse aqui comigo. Hoje sou Tita... Pode ser?

sexta-feira, 24 de março de 2017

O que ainda vem...

Papá,

Tudo tem sido uma montanha russa, em mim pelo menos, dias de sol, dias de chuva, sorrisos, lágrimas, um misto de emoções sem nenhuma certeza de paz ou serenidade. Tenho lutado por isso, por momentos de paz, tenho procurado e tenho encontrado, mas são etéreos.

As viagens enchem-me, é a tua presença, é o sentir realizado, é o dever cumprido... As minhas viagens agora enchem-me ... quantas e quantas eu fiz a chorar, mesmo sentindo que me acompanhavas.

 Agora fazem-me bem!

Esperar pela decisão do juiz de instrução está a fazer-me tão mal. Tenho aprendido a aceitar a impotência.... Isso libertou-me, em relação à Sandra e a tudo o resto que parece menor, mas não é.

Chegou a Primavera mas está frio, Tantas vezes dou comigo a imaginar o tudo que eu gostaria de dizer em tribunal, faço o teatro e tudo, e falo e choro, e disserto acerca de ti, da tua vida, e depois tento acalmar-me, depois recordo o que escreveste, e sei, sem dúvidas que foi isto que te levou de mim. Logo caio em mim e mudo, e tento esquecer. Ainda não dividi, mas sei que não demorarei a guardar o que ainda demora e a encarar o que sem pedir, me obriga...

Tenho te lido papá, tenho mudado a perspectiva, fica tudo tão diferente! Não sei bem de onde vêm as forças, não sei bem... tenho visto a nossa lua... ela tem estado sempre presente, tenho medo de não estar à altura, tenho medo de perder as forças, tenho medo de desistir.

Estou cansada!
Amo-te, dava o mundo para te ter aqui comigo, para falarmos,  para nos rirmos, para sermos, só, só sermos tu e eu!


sexta-feira, 17 de março de 2017

A lua

Papá,

Ali debruçada na janela, o mundo lá fora, o corpo aqui dentro. Falou-me da música e eu entendi, a música faz parte da minha vida, dos meus dias. Debruçada na janela imaginei a minha música a encher de vida quem tanto de vida e de musica precisa. Estarei lá, sempre!

Debruçada na janela vi que as magnólias deram lugar a lindas folhas.
Debruçada na janela, senti o fresco da noite, e permiti-me sentir alegria e gratidão e pela primeira vez não me oponho a sorrir, não me oponho a sentir. Deste-me esse privilégio, o espaço, a fabulosa capacidade de sentir, de serenamente aceitar qualquer dádiva do mundo. Ainda não sei abstrair-me dos dias em que a realidade pesa no meu ser, mas hoje... só hoje, vou adormecer com os meus sonhos, quietos, fica comigo, quieto, aguardamos a paz, virá nua, sem disfarces e nós, aqui estaremos para a receber.
Aquela lua tem acompanhado cada passo meu. Não me deixes!
Nês

sexta-feira, 10 de março de 2017

10 de Março, 2017

Meu Pai querido,

A viagem hoje não foi fácil, imaginei-a contigo tantas vezes. Fi-la sozinha. Uma hora e meia até Évora e o Dr. F. à minha espera. Cafezinho amigável, acho que começo a gostar dele e talvez cheguemos a um ponto em que terei coragem de lhe dizer o que sabes que preciso dizer-lhe. Estava um dia lindo em Évora, o Alentejo está resplandecente de cores e aquele brilho que apenas se vê, onde se consegue ver longe. Tentei perceber exactamente o que iria passar, ele explicou como tão bem faz. Entramos e a sala estava cheia... não reconheci ninguém, ambiente alegre e descontraído. O Dr. F. esteve sempre do meu lado. Apesar de tudo o que sabemos, inevitavelmente a minha situação é frágil e todos o demonstraram tão bem, ou não, talvez fosse eu quem me sentisse diminuída. Devíamos ter falado sobre esta parte da questão... a que te levou para longe de mim não foi? A humilhação, o rótulo, a frieza...Magoa tanto meu Pai, espezinha e humilha, e muito mais faz no nosso intimo, digo-to aqui porque sei que o devia ter ouvido e não estive à altura, talvez porque tanto o escondesses.

Tudo isto é novo para mim, num tribunal o arguido não vale nada, esteja ou não inocente, assim foi, não fui nada hoje. Nem  merecedora de um cumprimento por parte de que te conhecia, mas que infelizmente, eu não. Entendi... Conheci o Sr. Arlindo, apenas isso, conheci...

Numa sala improvisada, 15 advogados vestiram os trajes... e eu ali. Depois apareceu o ministério público, na figura de uma jovem meio atabalhoada e todos se levantaram, eu nem percebi, nem tive tempo. Depois apareceu a Juíza e começou e todos falaram e demasiadas vezes foi dito que morreste e só por isso eu não contive as lágrimas... pensar em ti é diferente de ouvir falar de ti.

Como é tudo demasiado, acho que arrumei em caixinhas bem fechadas, o que não era prioritário, não pela dimensão ou preocupação da minha parte, mas simplesmente pela linha temporal em que me apareciam... este processo estava numa dessas caixas, foi hoje aberto. Mantive a minha força até que tudo acabou e me vi sozinha.

É como num teatro, personagens vestem trajes imponentes, usam vocabulário que já ninguém usa, tudo é "douto" todos são "meritíssimos" e eu era apenas "os demais presentes", falaram de ti sem saberem de quem falavam, preciso libertar-me desta angustia, preciso dividir o que é do meu coração e o que é da minha razão. Já passou um ano Papá, e essa linha ainda é muito ténue.

Dada a complexidade de bla bla bla, a decisão será tomada... não hoje, parece que dentro de 30 dias.

Foste poupado a tudo isto, ainda bem Pai, não o merecias. Eu muito menos eu sei, mas são as perspetivas que mudam e quando mudam, tudo muda. Nessa mudança fica comigo a razão e a decisão de perspetivar o que rodeia, a Mariana, o Diogo, o Pedro, a Mamã. Maldita perspectiva que não abrange todos. Vou reorganizar as caixinhas, vou assumir que não posso cuidar de tudo, vou ser assertiva quando me confrontarem, vou lembrar-me  de mim... sim Pai eu, eu preciso de paz, preciso de colo e de mimo e não quero! Não quero! Quero-me a mim, forte.
Falavas-me nos teus guias, tenho pensado nisso. Aquelas viagens deixam-nos espaço para tudo não é?, para pensar, para relaxar, para divagar e por vezes para quase enlouquecer.

Quase três anos, desde que iniciei este desejo de vingança... é destrutivo Papá, nunca falamos acerca do teu desejo, mas era com certeza mais forte que o meu, tanto que te destruiu, estou certa não estou? Nessa altura, tudo eram hipóteses e conjecturas, agora tudo toma uma forma, uma ideia, a de vingança, tal como a imagino, ainda sem a força emocional, apenas a racional:

"Matá-los com sucesso, enterra-los com um sorriso"

O meu grande desejo o Dr F. deitou já por terra, Enaltecer e dignificar a memória do meu herói, fazer desta fantochada o ponto de partida para que a verdade fosse ouvida, a verdade, a verdadeira verdade!

As saudades doem, os sinais são reais Pai? ou sou eu quem os quer ver?
Dá-me força Papá, aquela que tu tens!
Amo-te!


sábado, 4 de março de 2017

Uma nova ... era? vivência?

Meu Pai:
Deixaste-me há mais de um ano, deixaste-me um drama.
Sobrevivi com ele e contigo, zangada e culpada e sofrida e desesperada e a suplicar por uma paz que não vinha.
Deixaste-me um processo complicado, um advogado em que não confio, e mil historias que abomino mas que estão aqui,minadas de gente que quer ser amiga e afinal apenas odeia a imensidão do ser que és.
Tenho uma luta grande pela frente. Tenho uma historia linda como passado. Tenho o agora!
Sabes Pai, invejo-te, conheceste o mundo, todo ele, faltaram os fiordes e a aurora boreal. A inveja à tua volta não te irá minar...

Pai: Já percebi, ver o passado e entende-lo, é iniciar um futuro. Quem descarta esse passado não entende a missão do futuro. Afinal fica tudo na mesma, tal como contavas. Maldito heroismo, maldito ego, maldita imagem. Maldita imagem que tanto importa. Quando no fundo só queria aquela  vóz linda que gritava Tita. Ah pois... a Tita incomoda   quem ficou sem voz, e a voz é minha! Já chega Pai, tenho o que quero, tenho o que não quero. Tenho o fim!... O FIM! depois venho eu!

sexta-feira, 3 de março de 2017

A nossa vida...

Fica assim...
Fiquei com os nomes e com as datas,
Fiquei com imagens e os teus sentimentos,
Fiquei com o receio dos outros,
Fico contigo, sempre... Para sempre!

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Ser

Ser
Sou
Sou

Deitei-me e como sempre o sono não vem!
Vi-te no escuro!
Quero ver... talvez seja isso!
Li o que escreveste, aqueles envelopes selados... li tudo e aguardo pela coragem de ler tudo novamente.

Não a podes levar.
Não podes.

Eu sei... mas não a leves, não a prives... mesmo que o futuro seja negro. Pára de decidir... onde estas Pai?

Dizem que há paz.
Tu??? em paz? como?

Não a podes levar.
Não podes.

Onde estas Pai? Onde a queres? e nós? ficamos? como? aqui?

Não a podes levar.
Não podes.
Eu sei Pai, eu sei.. eu agora sei, mas agora há mais, há muito mais.

Não a leves de mim, de nós, daquela menina linda de olho azul que anseia paz. Não faças o que tão bem sempre fizeste. Pai... Deixa-a comigo. Confia!

Mesmo que me engane, tentei. Merecemos Pai, como também merecias, aquela menina de olho azul... deixa-a ter mãe.

Sempre crescemos, sempre aprendemos, desculpa se demorei tanto...

Pai... quero paz para ti, não sei bem o que isso é, ...

Quero o sol e a lua e o céu enebriado de tudo. Quero o gelo nos vidros e o vento nas janelas quero o medo calado por uma canção de embalar... quero demais não quero?

Não sei onde estás... mas sei que não a podes levar contigo, não sejam egoístas, há quem precise... Os olhos azuis... cheios de sonhos,

Não a leves de mim.

Amo-te Pai