sexta-feira, 17 de março de 2017

A lua

Papá,

Ali debruçada na janela, o mundo lá fora, o corpo aqui dentro. Falou-me da música e eu entendi, a música faz parte da minha vida, dos meus dias. Debruçada na janela imaginei a minha música a encher de vida quem tanto de vida e de musica precisa. Estarei lá, sempre!

Debruçada na janela vi que as magnólias deram lugar a lindas folhas.
Debruçada na janela, senti o fresco da noite, e permiti-me sentir alegria e gratidão e pela primeira vez não me oponho a sorrir, não me oponho a sentir. Deste-me esse privilégio, o espaço, a fabulosa capacidade de sentir, de serenamente aceitar qualquer dádiva do mundo. Ainda não sei abstrair-me dos dias em que a realidade pesa no meu ser, mas hoje... só hoje, vou adormecer com os meus sonhos, quietos, fica comigo, quieto, aguardamos a paz, virá nua, sem disfarces e nós, aqui estaremos para a receber.
Aquela lua tem acompanhado cada passo meu. Não me deixes!
Nês

Sem comentários:

Enviar um comentário