segunda-feira, 25 de julho de 2016

A nossa vida

A tua Mariana...

Olha ela Pai, está linda e crescida e responsável... Errei tanto com ela, e tu comigo e vai ser sempre assim, não nascemos ensinados... acho que acordei a tempo e ali está ela tão linda!

Soubesse eu a falta que me farias e teria sido tão bom os imensos serões aqui, teriamos tantos assuntos, terias sido honesto comigo. Sobre filhos e casamentos e traições e amizades e tudo, tudo o que não falamos, sem interrupções, sem ninguém a teu lado que condicionasse o teu honesto pensamento. Tu meu Pai. Sabes que li aqueles imensos envelopes selados, a historia da tua vida. Sorri e chorei.

Olha o teu pirata... está crescido e com voz grossa. É um menino cheio de valores, tal como a mana, são um orgulho para mim. Queria tanto que estivesses aqui comigo, para podermos partilhar estes momentos tão simples, tão cheios.

Onde raio me perdi Pai, na correria do tempo, sem tempo para nós, achar que tudo tem um tempo quando afinal, nada tem tempo nenhum...

E os dias passam, e eu aqui estou de pé, cheia de dúvidas, cheia de dramas, a mana é um drama, a Mili é um drama, quando afinal tudo poderia ser crescer, afinal não, a cabeça da mana é um drama, e esse drama, como sempre, absorve tudo o que a rodeia. Tudo se transforma em drama.

Pai, amo.te! Pai...

segunda-feira, 4 de julho de 2016

6 meses, 6 dias, 6 horas, uma vida, um instante

Dizem que faz hoje 6 meses,

Nós sabemos que não, bem... que interessa isso, não é uma data que queira recordar, queria antes esquecer todos os dias 4 de janeiro, podia ser da minha vida inteira, não acredito que nenhum seja memorável. Tu não partiste meu Pai, não partiste assim, para mim, por enquanto não partiste, mas não estás aqui comigo e fazes-me falta. Olha tu ali, na minha sala, a encher a minha sala e a minha vida com a tua enorme presença, às vezes impunhas e gostavas disso. Não ias gostar deste 4 de Julho de 2016, ias estar triste pela mana, talvez em silêncio, talvez com alguma teoria que desencadeava uma atitude intempestiva e silenciosa e, sem que dissesses nada, mudavas o rumo, mudavas tudo. 6 meses meu Pai, meu herói. Ali sentado na minha sala, vias o canal que querias, jantavas à hora que querias, fazias o que querias mas... o teu amor por nós era e é incomensurável. Que saudades Pai! Triste quem nunca te entendeu, triste quem te conheceu e  não percebeu a tua partida, tão ridícula, tão desfasada do brilho que se te impunha. Alma indomada e inconformada, cheia de segredos, cheia de dons, cheia de amor. Pai, fazes-me tanta falta. Dizem que tudo terá um sentido, dizem... Eu sou a tua Nês e tu sabes e eu sei o que temos, o que somos, fico aqui, vejo e revejo e acordo amanhã, com a minha força e teimosia e determinação... As lágrimas já são só o descarregar ... anseio por elas... enquanto choro tenho o pleno privilegio do silêncio dos outros. Sem explicações. Tenho uma nova vida, sem ti, Pai... amo-te!